Encontro online de boas práticas da BAE celebra resultados e parcerias de sucesso

Municípios do Melhoria da Educação que implementam a Busca Ativa Escolar (BAE) participaram, nesta quarta-feira (17 de julho), do Encontro Online de Boas Práticas, no qual foram compartilhadas experiências e troca de conhecimentos. O encontro, promovido pelo UNICEF, Itaú Social e Asserte, marcou também o encerramento do ciclo de atividades da BAE no programa, realizado durante três anos e meio e que vem contribuindo para a permanência de crianças e adolescentes na escola.

Após as mensagens de boas-vindas, o especialista da Asserte, Rafael Paixão, fez uma breve apresentação sobre o que são as boas práticas, enfatizando que são um conjunto de ações, processos e técnicas que geram resultados e impactos positivos e podem ser aplicados no cotidiano. Em seguida, houve a apresentação das práticas de sucesso de Parauapebas (PA), Itabuna (BA) e Santa Rosa do Piauí (PI).

 

Em Parauapebas, por exemplo, foi implementado um comitê gestor intersetorial, com representantes de várias secretarias e organizações da sociedade civil, o que ajudou na resolução rápida de casos específicos. Já Itabuna desenvolveu estratégias específicas para a inclusão de migrantes, adaptando práticas de acolhimento e integração escolar. Santa Rosa do Piauí focou no engajamento das escolas, criando uma rede de apoio, envolvendo diretamente a comunidade escolar. (Mais detalhes sobre as boas práticas apresentadas no final do texto)

 

O coordenador de Ensino Fundamental do Itaú Social, Renato Brizzi, celebrou o trabalho desenvolvido com as redes e destacou a importância das parcerias formadas ao longo dos últimos anos com a implementação da BAE. “O programa sempre teve como objetivo garantir o acesso e a permanência dos estudantes na escola, e para isso, a parceria com o UNICEF e outros atores foi fundamental. Esse encontro é uma oportunidade única para compartilhar as boas práticas que desenvolvemos ao longo dos anos”, disse.

 

A analista de Ensino Fundamental do Itaú Social, Jade Blanda Saraiva, também ressaltou a relevância da atividade. “Este encontro é um dia de celebração dos três anos e meio de trabalho árduo na Busca Ativa Escolar. Ouvimos dos municípios o que funcionou, as lições aprendidas e o que é preciso para continuar a melhorar as estratégias que garantam a equidade no acesso e permanência escolar”, destacou

 

A oficial de educação do UNICEF e coordenadora nacional da BAE, Daniella Rocha, ressaltou que as boas práticas compartilhadas geraram resultados consistentes e que podem ser adaptáveis à realidade de outros municípios. “Nosso trabalho tem que ser persistente para atuar sobre as causas da exclusão escolar. A BAE e suas práticas não podem acabar aqui, pelo contrário, temos que incorporar essa metodologia e prática nas secretarias e nas escolas, e fazer com que reverberem nos próximos anos”, afirmou.

 

A oficial de educação do UNICEF, Júlia Ribeiro, também ressaltou a importância do encontro e do programa. “Ficamos muito felizes em conhecer as diversas experiências dos municípios na implementação da BAE. Vocês mostraram como a metodologia pode ser adaptada para cada realidade e como superaram os desafios. O engajamento de diferentes áreas de políticas públicas e a necessidade de olhar para as famílias com cuidado e atenção são pontos muito importantes mostrados por vocês”, concluiu.

 

O especialista em monitoramento, da Asserte, Mirley Jonnes, que representou a coordenadora de projetos, Graça Lima, destacou como a BAE vem fazendo diferença na realidade dos municípios. “Falar de boas práticas é falar de aprendizados. A BAE é uma estratégia poderosa e ver os resultados é enriquecedor. Esperamos que essas experiências possam inspirar outros municípios”, afirmou.

 

A BAE é uma estratégia desenvolvida pelo UNICEF e Undime, composta por uma metodologia social e uma ferramenta tecnológica para apoiar na identificação, registro, controle e acompanhamento de crianças e adolescentes que estão fora da escola ou em risco de evasão. Em 2021, a estratégia começou a ser implementada nos municípios do programa Melhoria da Educação do Itaú Social, e contou com a parceria da Asserte para a execução das ações.

 

 

Boas Práticas apresentadas

 

Parauapebas (PA)

Parauapebas destacou-se pela implementação robusta da intersetorialidade em suas práticas de Busca Ativa Escolar (BAE). A cidade criou um comitê gestor intersetorial composto por representantes de diversas secretarias municipais, como educação, saúde, assistência social, além de órgãos como a polícia civil, guarda municipal e bombeiros. Vincular a BAE diretamente ao gabinete do prefeito garantiu um compromisso amplo e integrado, facilitando a coordenação entre diferentes setores. Além disso, a cidade envolveu organizações patronais e associações comerciais, destacando a importância da educação para o futuro econômico local.

 

Os esforços em Parauapebas resultaram na capacitação de 1835 servidores públicos e na realização de encontros periódicos para revisar e aprimorar o plano de ação, garantindo a participação ativa e contínua de todos os setores envolvidos. A prática de capacitação contínua e a comunicação efetiva entre os diversos atores garantiram uma resposta rápida e eficaz às necessidades dos alunos.

 

“A formação inicial do professor ainda não prepara adequadamente para o acolhimento. Precisamos de um olhar mais acolhedor e inclusivo nas escolas. Reinserir a criança na escola não é a parte mais difícil, mas fazer com que ela tenha sucesso escolar é o verdadeiro desafio”, disse Margarida Queiroz, coordenadora operacional da BAE em Parauapebas.

 

Além dessas práticas, Parauapebas também enfrentou o desafio de incluir migrantes venezuelanos da etnia Warao. A cidade desenvolveu estratégias adaptativas para acolher esses alunos e integrá-los ao ambiente escolar. Para isso, criou um comitê intersetorial para lidar especificamente com as questões dos migrantes, envolvendo diversas secretarias e órgãos municipais, o que permitiu um atendimento mais coordenado e eficaz.

 

“A liderança dizia que as crianças não iriam para a escola. Nossa resposta foi garantir a educação dentro da comunidade, respeitando sua cultura e garantindo seus direitos”, destacou Luís Eustórgio Borges, gestor político da BAE em Parauapebas.

 

Itabuna (BA)

Itabuna enfrentou o desafio de incluir migrantes venezuelanos da etnia Warao em seu sistema educacional. Para isso, desenvolveu estratégias adaptativas para acolher esses alunos e integrá-los ao ambiente escolar. Criou um comitê intersetorial para migrantes e refugiados, envolvendo diversas secretarias e órgãos municipais, o que permitiu um atendimento mais coordenado e eficaz.

 

A cidade realizou visitas domiciliares e mapeou as necessidades educacionais dos migrantes, garantindo matrículas e um plano de atendimento individualizado. As parcerias com universidades, organizações de apoio a migrantes e a Funai foram fundamentais para oferecer formação e suporte contínuo.

 

“O trabalho de inclusão dos migrantes venezuelanos foi um grande desafio, mas com a criação de um comitê intersetorial e parcerias estratégicas, conseguimos garantir que essas crianças e adolescentes tivessem acesso à educação. A Busca Ativa Escolar foi fundamental nesse processo”, disse Elioenai Farias, coordenadora operacional da BAE em Itabuna.

 

Santa Rosa do Piauí (PI)

Santa Rosa do Piauí destacou-se pelo engajamento das escolas e pelo monitoramento contínuo da frequência escolar. Implementou um sistema onde faltas de mais de dois dias seguidos acionam a equipe para contato com a família, garantindo uma resposta rápida às infrequências. O município envolveu a assistência social, saúde, igrejas e o Conselho Tutelar no acompanhamento e resolução de casos de infrequência e evasão.

 

A cidade realizou formações contínuas para professores, destacando a importância de um olhar acolhedor e individualizado para cada aluno. Essas práticas resultaram na redução significativa da evasão escolar e garantiram um acompanhamento personalizado para cada aluno, incluindo aqueles com necessidades especiais.

 

“Nosso trabalho é feito constantemente, monitorando a frequência escolar diariamente e envolvendo a comunidade em um esforço conjunto. Reduzimos significativamente a evasão escolar e garantimos que cada aluno tenha o suporte necessário para permanecer na escola”, destacou Bernadete Gomes, coordenadora operacional da BAE em Santa Rosa do Piauí.