Projeto “Ibura que Protege” é apresentado à rede de proteção de crianças e adolescentes do território

O projeto Ibura que Protege, iniciativa da #AgendaCidadeUnicef no Recife, foi apresentado no dia 1º de novembro aos representantes da rede de proteção de crianças e adolescentes do bairro. A estratégia tem o propósito de fortalecer as ações de enfrentamento às violências no território, oferecendo capacitações para comunidade escolar na prevenção à violência, o acesso de crianças da primeira infância aos serviços de atenção básica de saúde e educação inclusivos e qualificados, além de garantir, no contexto da Lei de Escuta Protegida, a identificação e proteção de crianças e adolescentes em risco ou vítimas de violência, através de capacitação de profissionais da rede de proteção de crianças e adolescentes.

A apresentação do projeto foi no SESI Ibura e contou com a presença de gestores de escolas e de creches do bairro, conselheiros tutelares, guardas civis municipais, representantes de organizações sociais do Ibura, da Associação de Moradores do bairro, do COMPAZ, do CRAS, do CREAS, do COMDICA, grupos de pais e de adolescentes, assim como das equipes do UNICEF e da Asserte, organização implementadora da iniciativa no território.

Na ocasião, a coordenadora de projeto da Asserte, Graça Lima, falou da satisfação da organização participar de mais um projeto no território do Ibura. “Estamos aqui com tantas pessoas comprometidas em proteger crianças e adolescentes. Isso é uma representação de afeto e amor. Cuidar e proteger é a expressão do amor verdadeiro e precisamos trazer para as nossas pautas esses sentimentos. Estamos muito felizes e agradecidos pela confiança do UNICEF para desenvolvermos este trabalho com apoio de todos vocês, que estão no chão do território e nos trazem tanta força. Essa força é o combustível para que possamos cumprir nossa missão, que é transformar vidas”, disse Graça Lima.

 

Corinne Sciortino, oficial de Proteção do UNICEF

O trabalho desenvolvido pelo UNICEF, através da #AgendaCidadeUnicef, foi apresentado pela oficial de Proteção do UNICEF, Corinne Sciortino. “A violência contra crianças e adolescentes é um assunto difícil de tratar, mas queremos olhar para os potenciais e oportunidades que o território do Ibura possui. Sabemos que há desafios, mas há muito potencial e coisa boa acontecendo para as crianças e adolescentes”, destacou Corinne.

Ela explicou que a iniciativa prevê, até 2024, a realização de ações integradas nas áreas de educação, saúde e bem-estar, proteção contra violência e inclusão socioprodutiva no Ibura, que foi definido como território prioritário a partir de análise de indicadores sociais. “Desde 2019, o UNICEF iniciou ações no território, em parceria com organizações da sociedade civil, como diagnósticos sobre o impacto da violência armada e diversos projetos, como Ibura Empoderado, Ibura Meu Amor, OIburaTáON e Caravanas de dignidade menstrual”, ressaltou a oficial.

Waneska Viana (esqueda) e Cleide Moraes (direita)

A operacionalização do projeto Ibura que Protege foi apresentada pela especialista em mobilização da Asserte, Cleide Moraes, que explicou os três eixos da ação: Educação que Protege, Prevenção contra as Violências e Primeira Infância. O planejamento do trabalho foi construído a partir da escuta com gestores escolares e aos vários equipamentos do território ao longo deste ano. Nos próximos meses, o projeto vai ofertar espaços de escuta nas formações aos profissionais, fortalecer a rede de proteção e prevenção das violências, ampliar educação, proteção e oportunidade, além de realizar um trabalho coletivo.

“Nos últimos 20 dias, realizamos visitas a todas as escolas do Ibura e vamos ter conversas com outros equipamentos nos próximos dias. A partir de agora, vamos pactuar com cada escola que decidir participar do projeto o que vamos fazer, somando com o que elas já fazem. Ainda este mês, vamos iniciar as oficinas conforme o interesse de cada gestor de escola ou de equipamento social que integra o projeto”, destacou Cleide.

A apresentação do projeto também contou com a presença da representante da Prefeitura do Recife, Gabriela Moura, gestora do COMPAZ Paulo Freire, que será inaugurado em dezembro. “Estou aqui representando um time forte e aguerrido de diversas secretarias municipais. O Compaz é um equipamento de proteção e de combate à violência, da Secretaria de Segurança Cidadã, que envolve outras Secretarias, como Educação, Saúde, Direitos Humanos e Assistência Social. Há um esforço grande de todos para olhar para o território e oferecer dignidade e direitos”, explicou a gestora.

Bruno Alves

Participação de adolescentes
Adolescentes do Ibura e que já fazem parte das ações da AgendaCidadeUNICEF participaram do lançamento do projeto. Na abertura, Bruno Alves, 16 anos, recitou o poema “O Ibura” de sua autoria. Em seguida, Esthefanny Alexandre, de 17 anos, falou sobre quem são os jovens do bairro. “Para a sociedade, nós somos três ‘P’– preto, pobre e periférico. Mas os projetos que chegaram aqui mostraram totalmente o contrário. Mostraram que os jovens que estão aqui no Ibura são muito mais além do que a sociedade pensa, são empoderados e grandes. As oportunidades que estão chegando aqui estão mostrando quem queremos ser e garantindo os direitos de crianças e adolescentes”, falou.

Karolyne Pereira (esqueda) e Esthefanny Alexandre (direita)

Já a adolescente Karolyne Pereira, de 18 anos, falou sobre o que os jovens do Ibura querem: “Os projetos do UNICEF e da Asserte nos ajudaram a esclarecer um pouco a mente, porque nem sempre o jovem tem uma base, tem um alicerce para pensar. A gente está fadado a continuar no ciclo que a sociedade impôs, por causa da nossa condição e do lugar que vivemos. Esses projetos nos ajudam a ver o que queremos. Antes do projeto chegar não sabia o queria da minha vida em relação à profissão. O projeto abriu a minha mente e no próximo domingo vou fazer o ENEM para tentar cursar serviço social da UFPE, que é uma área que passei a gostar. Nós queremos ser ouvidos, queremos nos expressar sem sermos censurados. Queremos ter uma condição de vida melhor, sem nos humilharmos para isso. Queremos ser da forma que acharmos melhor, ouvidos e amados, com segurança para todos, para comunidade LGBTQIA+ e pessoas pretas. Queremos segurança e queremos ser nós mesmos”, disse Carol.