Quase 6 mil crianças e adolescentes de 17 escolas do Ibura e do Compaz são impactados pela Semana de Proteção

Evento aconteceu durante cinco dias, com 28 atividades simultâneas sobre enfrentamento às violências, racismo e inclusão

 

Entre os dias 26 e 30 de agosto, o Compaz Paulo Freire e 17 escolas municipais do bairro do Ibura, no Recife, desenvolveram 28 ações contra as violências, durante a Semana de Proteção de Crianças e Adolescentes. As atividades envolveram 5,7 mil alunos das 17 escolas inseridas no programa “Ibura que Protege”, iniciativa da #AgendaCidadeUnicef no Recife, que conta com a Asserte como parceira implementadora e com o apoio da Prefeitura do Recife.

 

Nestes cinco dias, as 17 escolas e o Compaz realizaram exposições artísticas, oficinas de leitura, teatros, apresentações musicais, cine debates, contação de histórias, rodas de diálogos, dentre outras ações, envolvendo as temáticas do racismo, desigualdade de gênero, bullying, inclusão, enfrentamento às violências e a importância da proteção. As escolas participantes receberam cartazes com o selo de “escola que protege” para ser divulgado em suas dependências.

 

“Durante esta semana presenciamos trabalhos incríveis realizados nas escolas, enfocando a educação que protege e mostrando que as escolas podem acolher, identificar casos de violência e orientar sobre o que deve ser feito. Nas escolas, as crianças e adolescentes criam vínculos com professores e demais profissionais e, por isso, tornam-se locais de proteção, onde elas podem buscar ajuda”, afirmou Corinne Sciortino, Oficial de Proteção do UNICEF.

 

“Foi muito rico vermos 17 escolas completamente mobilizadas e criando formas de discutir a proteção de crianças e adolescentes contra todas as formas de violência. A escola é lugar de proteção e vimos o envolvimento da comunidade escolar neste trabalho. Foi lindo”, destacou Socorro Araújo, Oficial de Educação do UNICEF.

 

As ações do programa “Ibura que Protege” tiveram início no ano passado, com as visitas às escolas e, posteriormente, com a realização de oficinas sobre racismo, violência e Lei da Escuta Protegida, envolvendo gestores e colaboradores escolares, além de profissionais da Saúde e da Assistência Social. Em maio deste ano foi realizado o “Hackaton da Proteção”, evento que envolveu cerca de 120 pessoas construindo novas ideias e soluções pedagógicas. A partir destas ideias, teve início o planejamento da Semana da Proteção, que envolveu a Secretaria Municipal da Educação, através da Regional 4 de Ensino, que também participou efetivamente das atividades nas escolas, com a presença de técnicas de educação.

 

“A Semana de Proteção é a culminância de todo o processo que iniciamos ano passado. Foi muito interessante vermos as apresentações criativas de cada uma das escolas, com soluções e atividades propostas por elas mesmas. Ficamos muito agradecidas com o envolvimento de todos, gestores, coordenadores pedagógicos, colaboradores, alunos e familiares”, ressaltou Cleide Moraes, especialista em mobilização da Asserte.

 

Carina Catanho, especialista em mobilização da Asserte, acrescentou que houve uma diversidade pedagógica intensa das ações apresentadas pelas escolas. “Tivemos desde apresentações musicais das crianças da educação infantil, mostrando que todos somos diferentes e únicos, brincadeiras de origem indígenas e africanas, até rodas de diálogos e depoimentos de adolescentes sobre intolerância religiosa e homofobia, por exemplo”.

 

Engajamento da comunidade escolar

Para as gestoras, coordenadoras pedagógicas e alunos, a Semana foi um momento importante para se debater dentro da escola temas tão importantes. “Realizamos atividades durante todo o ano com estas temáticas. Mas na Semana de Proteção, escolhemos o ‘Dia D’ para reforçamos estes conceitos, apresentando filmes, realizando rodas de conversas e construindo a ‘Árvore da Empatia’”, destacou Flávia Emerenciano, coordenadora pedagógica da Escola Municipal Poeta Paulo Bandeira.

 

A coordenadora pedagógica da Escola Municipal Futuro Feliz, Elaine Santos Silva, ressaltou que, diante da importância das ações do “Ibura que Protege”, elas agora fazem parte do projeto político pedagógico (PPP) da escola. “A escola é lugar que acolhe e protege. Tenho orgulho da comunidade do Ibura que faz este trabalho e apresenta uma riqueza cultural tão grande, apesar de todas as dificuldades”, afirmou. Ela ainda destacou que sua escola fez parte do projeto piloto do Ibura que Protege e que sempre acreditou no potencial das propostas e ações.

 

A professora Silvania Oliveira Santos, da Escola 27 de Novembro, destacou o engajamento das crianças da sua turma, do 3º ano do Ensino Fundamental. “Trabalhamos contra o bullying e o preconceito, ensinando que respeitar diferenças é fundamental. A dedicação dos alunos é incrível. Eles se envolveram profundamente com as atividades”, afirmou.

 

Emily Rayane da Silva, 12 anos, aluna do 7º ano da Escola Municipal Florestan Fernandes, destacou que o preconceito não pode ser normalizado. Na apresentação de sua escola, ela falou sobre intolerância religiosa e a importância da empatia. “Para combater a intolerância é preciso respeito. Podemos não conhecer a crença ou a religião do outro, mas todos deveriam saber o que é respeitar e não julgar”, disse.

 

Juliane Matias, mãe de Júlia, aluna do 5º ano da Escola Municipal Vila Sésamo, disse que ficou muito feliz com a iniciativa em discutir o racismo no ambiente escolar. “Minha filha já foi vítima de preconceito, por conta do cabelo e da cor da pele. Isso gerou um trauma, ela queria alisar o cabelo ou ficava com ele preso o tempo. Conversamos bastante e isso deixou de ser importante. Falar sobre esse tema na escola é muito importante para que nenhuma outra criança ou adolescente passe pelo que minha filha passou”, destacou Juliane.

 

Ibura que Protege – O projeto “Ibura que Protege” é uma iniciativa da #AgendaCidadeUnicef e tem a Asserte como parceiro implementador e a parceria com a Prefeitura do Recife. Iniciado em 2023, o projeto vem realizando ações integradas nas áreas de educação, saúde e bem-estar, proteção contra a violência e inclusão socioprodutiva no Ibura. Neste início de 2024, já foram realizadas oficinas sobre enfrentamento à violência de gênero e racismo em escolas do território e trilhas formativas de proteção para o atendimento de crianças e adolescentes vítimas e testemunhas de violência para profissionais dos CRAS, CREAS, Distrito Sanitário VIII, COMPAZ, gestores escolares e técnicos das secretarias de Educação e Segurança Pública.